terça-feira, 1 de outubro de 2013

Aniversário do Espaço Itaú


Dica quentíssima pra quem estará em São Paulo, a partir do fim de semana que vem.

O Espaço Itaú Augusta fará 20 anos e entre os dias 5 e 10 de Outubro serão exibidos alguns clássicos de Hitchcock, Orson Welles, entre outros, além de uma maratona de SEIS filmes!!! Vale uma olhada.

Maiores informações no link abaixo:

http://itaucinemas.com.br/pag/augusta-20-anos

Té!

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Coisas que ando vendo...




Ok, inventei de ver uma série há algum tempo chamada Switched at Birth, sobre duas meninas trocadas na maternidade e que tempos depois, descobrem a verdade e tem que aprender a conviver com suas famílias biológicas. Hoje percebi que ela tem 30 episódios na primeira tmeporada...

Err... como assim, uma série sobre drama familiar ter 30 episódios???? Não sei se entro em pânico ou saio dando pulinhos de alegria.

Minhas outras séries em atividade são: Grey's Anatomy, Parenthood, Castle, The Newsroom, Supernatural, Hannibal e Rectify.  Embora esteja muito lenta com essas três últimas.

Valem muito mais que uma olhada!

Té!

domingo, 29 de setembro de 2013

Doubt







 Dúvida (Doubt)


Direção:  John Patrick Shanley

Roteiro:  John Patrick Shanley

Ano: 2008





“O que você faz quando não tem certeza?”  

(Padre Flynn)


“- O que é, irmã?
 - Eu tenho dúvidas.”  

(conversa entre irmã James e irmã Aloysius)


Que filme!!! Não bastasse Meryl Streep e Philip Seymour Hoffman, ainda temos uma participação mais que especial da também incrível Viola Davis. Amy Adams também participa do filme como uma freira ingênua e insegura. Um pêndulo no relacionamento entre padre Flynn e Aloysius Foi de quem menos gostei, mas fez o seu papel. Provavelmente, é porque não gosto muito da atriz mesmo. E foi então que descobri em um site de cinema que inicialmente, a atriz chamada para fazer o papel de irmã James era Natalie Portman!!!! PQP!!! Imagine Natalie, Meryl, Philip e Viola em um mesmo filme!!!! Caaaaaaaaaaara, posso matar Natalie por não ter aceitado???


O filme se sustenta em diálogos, expressões, respirações, sugestões... É basicamente um filme de atores. Seu tema é a dúvida. Devemos agir, mesmo sem ter a certeza de algo? A personagem de Meryl acreditou que sim.  Não existiam provas de que Padre Flynn estivesse realmente aliciando o garoto Donald, mas diante de relatos da irmã James (também incertos, o que me lembrou a menina do filme "Desejo e Reparação") e de observações dela própria (talvez contaminadas pelo fato de ela já não gostar do padre), não poderia se dar ao luxo não fazer nada, mesmo que suas ações baseadas em incertezas pudessem corroê-la no futuro. Algo maior estava em jogo.




O filme tem uma fotografia magnífica e atuações brilhantes. Ainda pretendo vê-lo de novo, pois algumas partes do filme ainda ficaram obscuras pra mim. Como é um filme que sugere muito mais do que diz, até porque a grande questão do filme é a incerteza (e isso foi conduzido de forma absurdamente competente  pelo diretor. O filme respira incerteza), muitas coisas ficam subentendidas e outras nem mesmo isso. São deduções e entendimentos que o próprio espectador deve procurar. Eu não achei todas as motivações e explicações  e quanto mais penso sobre o filme, acredito que entendi menos ainda. Como por exemplo, a cena em que irmã James se descontrola com um aluno e o manda à sala da reitora.  Esse menino também sofria abusos? E o outro menino loiro que vivia aprontando para ficar fora da escola? Ele também era aliciado? Ou será que nenhum deles era e padre Flynn só não conseguiu suportar todas as desconfianças de Aloysius? O que fez irmã James acreditar em padre Flynn? O fato de estar se transformando na irmã Aloysius e não conseguir suportar esta ideia ou a vontade de acreditar nos ideais de padre Flynn?




Aliás, essa marcação de diferentes universos aparece bastante no filme. Ele é bem claro ao mostrar o mundo dos homens (com mais poder e mais liberdade) e o mundo das mulheres (mais rígido e submisso) da época. A cena das refeições é o melhor exemplo disso. Enquanto padre Flynn ri e conta piadas em seu jantar, irmã Aloysius se limita a fazer sua refeição em silêncio com as outras freiras, enquanto ajuda uma delas, já com problemas de visão (e por causa disso, com possibilidade de ser expulsa, representando talvez, o descarte do que não é mais útil) a encontrar seus talheres. Eles reproduzem os dois lados do mundo: opressor para uns e libertário para outros. No meio disso, está irmã James, que possui um pouco dos dois mundos dentro de si.




Outra cena genial é a conversa entre irmã Aloysius e a sra. Miller sobre Donald e suas suspeitas. Além de ser o primeiro negro  admitido naquela escola, o que por si só, já deixava o menino em uma situação desconfortável, deu a entender que o pai do garoto havia descoberto alguma coisa, pois sra. Miller diz que a surra que o filho levou não foi pelo vinho que Donald havia bebido. Diante disso, existia apenas uma mãe que queria que o filho tivesse alguma oportunidade na vida, que também não entendia muito bem o que estava acontecendo e que estava disposta a passar por cima até mesmo de um suposto relacionamento impróprio entre o filho e padre Flynn, para que isso acontecesse. Afinal, seria "apenas" até junho. Nessa cena, eu pelo menos, me vi agindo como a personagem de Meryl a princípio, indignada com o que estava ouvindo daquela mãe, até perceber que ela também não sabia o que fazer, que também estava perdida. E esta talvez fosse a única oportunidade que seu filho teria em um mundo que ainda não tinha espaço pra ele. Como tirar esta oportunidade das mãos dele? Como afastá-lo da única pessoa que parecia aceitá-lo, mesmo que isso significasse suportar coisas inaceitáveis? A verdade é que ali, estavam conversando duas mulheres completamente diferentes (repare no figurino de cores opostas), com histórias de vida completamente diferentes e uma não tinha nem ideia do que a outra já passou, logo, não havia espaço para julgamento. Apenas para decisões a serem tomadas ou como a própria Aloysius diz, para ações. Era só o que importava. E diante de tantas incertezas, como agir? Ou pior: devemos agir?




É o tipo de filme que só poderia ter sido feito por feras mesmo, pois ele depende unicamente de atuações, de pessoas que possam transmitir (ou não), toda a confusão mental daqueles personagens.  Não que premiações sejam a única maneira de provar que um filme é bom, mas o filme foi indicado a cinco prêmios Oscar: atriz (Meryl), atriz coadjuvante (Viola e Amy), ator coadjuvante (Philip) e roteiro adaptado. A mesmas indicações para o Globo de Ouro e três indicações para o Bafta. Mais que merecidas!!! "Dúvida" é um filmaço!!!


Agora, ignore Amy Adams, imagine que é Natalie Portman (e ignore também a barriga de Leo Jaime de Philip) e sorria feito bobo com a qualidade do elenco:



Té!

John Mayer





A última semana foi uma das mais surreais da minha vida. Vi John Mayer TRÊS vezes!!! Sei lá... indescritível!!!




Há alguns meses, quando soube que ele faria show em Buenos Aires, comecei a maquinar algumas coisas na minha mente. Tentei arrastar algumas pessoas nessa doideira e não consegui, infelizmente. 

Mas a questão é que em 16 de Setembro de 2013, EU VI JM PELA PRIMEIRA VEZ!


Crédito: Mariana Pereira


Após enfrentar um frio absurdo desde as 16:30 na fila para entrar no Luna Park, EU VI JOHN MAYER!!! Impossível conter algumas lágrimas ao vê-lo entrando no palco, o que durou até a terceira música, que nem ao menos é minha preferida. As lágrimas também vieram em algumas outras músicas pelo meio do show e claro, na arrebatadora Gravity, que encerrou o espetáculo. E logo eu que sempre zoei pessoas que choram em shows... Só que devo dizer que chorei discretamente, ok! rsrsrs
  
O dia seguinte também foi presenteado com mais um show, que deveria ser o único na cidade e que foi meu primeiro ingresso comprado. Bem mais tranquilo. Foi com lugar marcado, sem aperto. Mais um choque ao ouvir Daughters pela primeira vez. E mais lágrimas.



Alguns dias depois, mais precisamente no dia 20 de Setembro de 2013, comecei a receber minhas amigas de outros estados, que vieram para que fôssemos ao Rock in Rio no dia seguinte para mais um show de John, o que tornou o evento mais especial ainda, pois estar com essa galera é sempre um privilégio. Tínhamos tudo preparado em nossa mente. Visualizávamos a grade!!! Mas não contávamos com o motorista do ônibus que se perdeu e fez com que chegássemos após a abertura dos portões. Mesmo assim, sobrevivemos ao calor e conseguimos a grade lateral. Todos os shows foram maravilhosos e apesar do show menor que o habitual, JM não decepcionou de forma alguma e ainda nos presenteou com Stop this Train que até então, estava sendo o motivo de minha dor de cotovelo em relação ao show de São Paulo (único da América do Sul em que não fui) e Why Georgia além de um pedacinho de Neon.




Se eu juntar os três shows, vi uma seleção de muitas músicas antigas que amo e fiquei imensamente satisfeita. Ele é extremamente simpático e a banda é maravilhosa. Além disso, em SP, ele prometeu que viria aqui todo ano!!! Estaremos esperando ansiosamente!!!

De resto, só posso dizer novamente que tão bom quanto ter visto John Mayer, é ter visto na companhia de pessoas tão queridas e surtadas quanto eu.

E pra encerrar, a melhor apresentação de Gravity:



terça-feira, 10 de setembro de 2013

20 anos de Arquivo X





Hoje, 10/09/2013, Arquivo X completa 20 anos. E essa pequena mensagem é apenas para deixar registrado que Chris Carter e toda a equipe responsável por esse grande sucesso, mudaram minha vida e que eu agradecerei eternamente por isso!!! 

É difícil levar a sério que uma pessoa atribua tanta coisa a uma "simples" série de TV... A verdade é a seguinte: se eu tenho que explicar isso pra você, é sinal de que você não deveria estar lendo nada nesse blog. Falei!

Falei isso no Facebook e repetirei aqui:

"Gente... X FILES é amor!!! Tem jeito não!!!

Que outra série desperta tanta paixão e admiração, inclusive da própria equipe e atores, mesmo após 20 ANOS??? Não existe outra. Esse texto da Gillian é a prova (isso se refere a um texto de Gillian Anderson sobre os 20 anos).

Eu posso dizer hoje que amo algumas outras séries sim, mas AX ocupa um lugar que nenhuma outra nunca ocupará. Até mesmo pela importância das várias coisas que essa série me trouxe.

Só um EXCER pode dizer que reinventou o modo de assistir séries em uma época em que internet era artigo escasso e que moldou todo um segmento. Muitos copiaram, termos criados por NÓS foram adaptados... Mas tudo teve origem com o nosso povo.

Sim, nós EXCERS somos especiais. Estamos em um nível de amor que nenhuma outra série tem ou terá. Pelo simples fato de que nós não somos modinha!!! Nós somos os melhores fãs e somos os mais fiéis!!! Nós somos pra sempre!!!

É como diria o Kid Abelha... Arquivo X, depois de você, os outros são os outros e só!

Obrigada, Chris Carter e toda a equipe que contribuiu para esse grande sucesso de público E crítica!!!

FELIZ ANIVERSÁRIO DE 20 ANOS!!!

E estaremos juntos na maioridade ano que vem!"


E aqui vai um blog muito lindo da Josi sobre Arquivo X e um texto mais que especial em comemoração aos 20 anos: Arquivo X - Episode Guide


sábado, 7 de setembro de 2013

El Hijo de la Novia








Esse é mais um filme do que estou chamando de "Projeto Argentina". Coincidentemente ou não, é mais um de Darín (porque o cara faz 99% dos filmes. Não tem como fugir dele). Tenho um "Projeto Hitchcock" também, então, provavelmente, em breve terei alguma coisa dele por aqui também.





O filho da noiva (El hijo de la novia)


Direção: Juan José Campanella
Roteiro: Juan José Campanella e Fernando Castets
Ano: 2001




“Ela pedia que a seguissem... que ia levá-las à melhor mesa. Dizia isso pra todo mundo, que os levaria à melhor mesa.  E todos acreditavam, porque se ela te levava... era a melhor mesa”

          (Nino Belvedere)




Saudades e um amor tão profundo que chega a doer a alma. Filme lindo!


Esse filme é mais uma parceria entre Ricardo Darín e Juan José Campanella e é um drama familiar, do cotidiano. Se você não gosta desse tipo de filme, nem comece a ver.  Aliás, esses argentinos não prestam. Fui ver esse filme pensando que era outro e quebrei minha cara. Soco no estômago. Fiquei lá que nem uma idiota chorando do início ao fim.  Pensei até que estivesse vendo “Amour” por engano (Se bem que Amour deve ser mil vezes “pior”). Masoquismo define.  Mas é maravilhoso. Comovente e delicado.


Ele conta a história da família de Rafael, um homem que está passando por uma crise existencial: está em um relacionamento, mas não quer assumir nenhum compromisso, o restaurante da família está indo mal das pernas e o relacionamento com sua ex-mulher e sua filha está cada vez pior.  Além disso, sempre teve um um relacionamento delicado com a mãe, Norma (Norma Alejandro), que por sua vez, nunca levou fé no filho e agora encontra-se em uma casa de repouso por conta do Alzheimer. Seu pai, Nino (Hector Alterio) é a coisa mais fofa do mundo. O amor que ele sente por Norma é comovente.  E é esse amor que o leva a querer gastar o dinheiro que economizaram  por toda a vida para realizar o único sonho de sua mulher  e que ele não havia conseguido realizar até então:  o de se casar na igreja.  Mesmo que ela não esteja mais em condições de entender isso.






Mas o filme não é só tristeza. Tem cenas bem engraçadas também, como por exemplo a cena em  que Nino liga para os parentes e amigos pra convidá-los para o casamento e só recebe notícia ruim. Ou a pessoa morrreu, ou está doente etc.  É ver que o tempo passou, né... Eu sei que falando assim, não é engraçado, mas só vendo pra entender...rsrsrs. Em outra cena, Rafael vai levar a filha na casa da ex-mulher e conta que pretende vender o restaurante e ir para o México. Então, diz que a filha poderia estudar lá ao que a mulher pergunta:  e quem vai dar aula pra ela? O professor Girafales??? M-O-R-R-I  de rir!!! Hauhauhuahuahua. Sem falar no esculacho que se segue pelo resto da cena.  Rafael deve ter se arrependido amargamente de ter iniciado o assunto. 


E tem Juan Carlos. Jesus, que homem doido! Tão doido que chega a ser chato...rsrsrs... Mas ao longo do filme você vai começando a gostar do bichinho, porque ele simplesmente é uma pessoa que não tem mais nada a perder e é sempre triste ver uma pessoa assim. Então, você acaba torcendo pra que Rafael o acolha. É hilária a cena em que Rafael vai até a gravação em que ele está participando como figurante para conversar.




 
Mas o que há mais pra se dizer desse filme no final das contas? É lindo!!! Ponto. Todos deveriam ter a oportunidade de vê-lo, para poder, assim como Rafael,  aprender a valorizar aquilo que tem e as pessoas que estão ao seu lado, porque sim, certas pessoas são insubstituíveis.

domingo, 25 de agosto de 2013

El Secreto de sus Ojos







Esse eu vi ontem. Estou impressionada até agora. Muito bom mesmo. Estava pensando em ir ver um filme argentino que está em cartaz e então tive um estalo de procurar por uns títulos argentinos. Achei uns sete e o escolhido para ser o primeiro foi esse. 

 

 

A vergonha é enorme, mas devo dizer que foi o primeiro filme argentino que vi na minha vida. E pra uma pessoa que se diz cinéfila e que tem o drama como seu gênero preferido, isso é motivo pra enterrar a cabeça na areia e pedir pra pisarem em cima, certo?

 

 

Obs: Coloquei o título original, porque, convenhamos, fica muito mais charmoso em espanhol...rsrsrs.

 







 O Segredo dos seus Olhos (El Secreto de sus Ojos)



Direção:  Juan José Campanella
Roteiro: Juan José Campanella  e Eduardo Sacheri
Ano: 2009




"Como se faz para viver uma vida vazia?
 Como se faz para viver uma vida cheia de "nada"?
 Como se faz?"  

(Benjamin Esposito)




Confesso que sou uma cinéfila fajuta. Eu digo que amo cinema e séries, mas basicamente, só conheço o cinema americano e olhe lá. Hoje, resolvi que veria um filme argentino no cinema, o que acabei não fazendo, pois achei pra baixar (embora não tenha encontrado legenda). E isso me levou a baixar diversos outros filmes argentinos, pois me lembrei de Ricardo Darín, o Tom Hanks deles ou algo assim. Baixei um monte deles. E resolvi começar por um bem famoso, vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2010, chamado “El secreto de sus ojos”. 


Resultado:  Um filmaço e uma admiração relâmpago por Darín (que me lembrou muito o jeito de interpretar de Richard Schiff, o Toby Ziegler de The West Wing, em alguns momentos).







O segredo de seus olhos é mais que uma história de amor. É uma história de vida. É uma lição sobre como nunca é tarde para reescrever a sua história, mesmo que ela tenha sido repleta de dor e amargura. Mas não pensem que é um desses filmes piegas, que fazem de tudo pra te fazer chorar com o único objetivo de ser chamado de drama. Inclusive, esse  filme tem uns momentos cômicos muito legais.


A narrativa é muito interessante, pois  não é cronológica. O que nós vemos, é a confusão mental de um homem que, ao se aposentar,  resolve escrever um livro, ao meu ver, como forma de auto-análise,  sobre um pedaço de sua história de vida relacionado a uma mulher, Irene (Soledad Villamil),  e a um crime no qual esteve envolvido na investigação e que o tocou intensamente.


A partir daí, vamos conhecendo  tudo o que fez desse homem  o que ele é hoje. A história vai tomando forma e crescendo.  Sempre.  Não há um minuto gratuito neste filme. Tudo é importante para a reconstrução que esse homem está fazendo de seu próprio passado. Ou melhor, para as pazes que ele tem que fazer com esse passado, e conseguir, finalmente, agir com coragem no presente. 


Todas as cenas dele com a personagem Irene são muito bonitas. Um ponto interessante é que ela quer que ele diga o que sente. Ela incentiva e espera, mas ele nunca o faz. E enquanto ele não der esse passo, nada acontecerá e ela continuará vivendo a vida que esperam dela.


E aqui abro um parênteses para o comentário mulherzinha: Confesso que isso me deixou um pouco nervosa, porque embora, você saiba que isso pode acontecer, você também sabe que o que falta é coragem de ambos os lados. Afinal, se ela vê que ele a ama, mas não tem coragem para assumir, porque ela, que aparentemente, me pareceu mais corajosa, não dá esse passo? Está esperando o menino crescer? Talvez seja isso. Fim do comentário mulherzinha.


Eu não sei exatamente o que os impedia de ficar juntos. Eram as vidas completamente diferentes, como Romano (Mariano Argento), o desafeto de Esposito (Darín) demonstrou  em uma cena muito fantástica, diga-se de passagem? Era um conservadorismo exagerado que impedia Esposito de tentar um relacionamento com uma mulher ainda noiva? Era o medo de compromisso de Esposito? Era  o fato de que Irene passou todo esse tempo apenas aguardando que ele dissesse “Eu te amo. Fique comigo"? Era tudo isso junto? Ou não era nada disso? 


Sinceramente,  pouco importa, porque independente do motivo pelo qual a história dessas pessoas acontece,  ao longo das duas horas de projeção, vemos um filme comovente de forma inteligente e bonita como poucos, repleto de atuações primorosas (não apenas dos atores principais), onde muitas vezes palavras nem são necessárias. Você consegue entender o que aquelas pessoas estão sentindo simplesmente pelo olhar, pelos suspiros, pelos enquadramentos.  Tem zilhões de detalhes lindos. E recomendo em especial, prestar atenção no que Esposito escreve no papel quando acorda à noite logo no início do filme. Esse pedaço de papel volta lá na frente e é responsavél por duas cenas muito bonitinhas que me fizeram sorrir feito boba.  Aliás, o filme abusa (muito bem) do recurso de repetições e similaridades. É realmente uma aula de cinema. 






Os olhos, como o próprio título diz, são muito valorizados no filme. Diversas vezes, apenas  eles são enquadrados ou nossa atenção é deslocada pra eles, por meio da falta de foco no resto do quadro. E isso é só mais uma prova do que o diretor quis (e conseguiu) fazer com esse filme: trazer o espectador pra dentro do filme e fazer com que a gente criasse intimidade com aqueles personagens. Ele não tem pressa em fazer isso. As cenas são bem pensadas e demoram o tempo que tiverem que demorar pra que a gente se comprometa com a história que está sendo contada.  Tudo  funciona de forma brilhante.







 Gostaria de destacar também as cenas de Darín com Pablo Rago, que interpreta o marido da mulher assassinada, Ricardo Morales.  São todas muito bonitas e profundas, pois esse homem move o personagem de Darín, já que Esposito admira o amor e devoção que ele sente pela mulher, sendo  também onde ele enxerga o seu próprio calvário e ao mesmo tempo,  o fechamento com o passado e uma chance de redenção.


E ao final, é um daqueles filmes em que você pensa: ok, agora acabou. Mas você está vendo no contador que só se passou uma hora! Então, ele continua e você se pergunta o que mais ele pode querer contar. E mais uma vez você pensa que está acabando, então, você olha o contador novamente e pensa: cara, mas ainda faltam quarenta minutos.  E então, ele continua. E chegando perto das duas horas, você pensa: agora acabou, certeza!  E ele continua por mais alguns minutos, porque afinal, ainda restam uns cinco minutinhos pra ele te impressionar mais um pouco. Até que o momento derradeiro finalmente chega e ele realmente acaba. E então, você pensa: será que não poderia durar só mais três minutinhos? Por favor!!!




Agora sim, feche a porta! (Pra entender, assista)

The Newsroom

 

 

 

 

Eu conheci essa série há pouco mais de um mês. Quer dizer, conhecer, eu já conhecia, pois foi criada por um cara que eu venero, chamado Aaron Sorkin. Porém, na correria do dia a dia, acabei esquecendo dela, até que um colega, em um curso sobre cinema que fiz, me lembrou. Então, no valor do momento, escrevi esse texto no dia em que vi o piloto, e não lembro o que me levou a isso (talvez muito sol na cabeça), mas enviei para minha amiga Nayara, que postou no blog dela (Dignidade não cabe aqui), o que ainda está me matando de vergonha, mas que ironicamente, também foi o responsável por me fazer voltar pra este blog. Aliás, mudei algumas palavras, Nay, mas nada que altere o texto, ok?

 

 

Enfim, os primeiros nove minutos desse piloto realmente me impressionaram. De lá pra cá já vi a temporada inteira e devo dizer que o inevitável aconteceu: virei fã. Inclusive, comprei o box da primeira temporada, coisa que só acontece com séries-vício.

 

 


Pois vamos a ela.




PODE CONTER SPOILERS!!! (SIM, APESAR DE ODIAR, NÃO CONSIGO ESCREVER NADA SEM ELES)





We just decided to (Piloto)

 

Direção: Greg Mottola

Roteiro: Aaron Sorkin

Exibido em 24/06/2012




É uma série de Aaron Sorkin. Com isso, já dá pra se ter uma ideia do que esperar. Diálogos e cortes rápidos e inteligentes, câmera nervosa em cenas específicas, ótimo elenco, muita política, personagens falíveis e uma América retratada com falhas, mas de forma amorosa e sonhadora.


The Newsroom é exatamente isso e me ganhou já no fantástico trecho inicial de nove minutos.


Dito isso, vamos a ele. Ele começa exatamente com o protagonista da série, Will McAvoy (Jeff Daniels) observando com uma expressão irônica, enquanto duas pessoas estão discutindo sobre política diante de uma plateia formada pelo que parecem ser alunos de alguma universidade. A discussão continua intensa até que a câmera começa a mostrar que entraremos na perspectiva de Will. Hora de sermos apresentados a esse cara. Vemos que ele identificou alguém na plateia, mas que não sabemos se é fruto da imaginação dele ou não. Então, o mediador do debate o chama e então, “saímos” de Will. O mediador faz uma pergunta e recebe uma resposta sarcástica. Um dos alunos da plateia também. Outra resposta sarcástica. Em um dado momento, o mediador nos informa que Will é âncora de um jornal e que tem o costume de ficar “em cima do muro”, de não demonstrar suas posições. Passamos a saber mais isso sobre ele.  

             E aí vem o ponto chave. O clímax da cena. E quem via The West Wing está mais do que acostumado a esses momentos, sempre muito bem feitos e impactantes. Josiah Bartlet, interpretado pelo maravilhoso Martin Sheen, cansou de nos presentear com discursos hipnóticos desse mesmo tipo. Nesse momento, uma aluna pergunta a ele o que faz da América o melhor país do mundo. Os outros dois respondem a pergunta e então, na vez dele, mais uma resposta evasiva, sendo então,  repreendido pelo mediador que, desta vez, avisa que irá exigir uma resposta séria. Uma resposta humana. Então, Will olha para a plateia e vê novamente a mulher de antes com umas placas, enviando mensagens pra ele. Sentindo-se pressionado e atordoado com a visão da mulher lhe mandando mensagens, como se tivessem apertado um botão, ele desata a falar absolutamente tudo o que pensa. A impressão que temos é que há muito tempo ele não fazia algo assim. Terminado o debate, ele é recriminado pelos outros dois e termina perguntando: O que foi que eu disse lá fora?

            E então,  temos a abertura. Enorme! Linda! Eu AMO aberturas e as de Sorkin são sempre maravilhosas e com uma música linda do tipo que te faz esquecer todas as besteiras que os EUA  fazem, colocar a mão no peito e querer cantar o hino deles com orgulho. Não precisou de mais nada pra eu já amar a série além desses nove minutos. O restante do episódio, como já falei, tem tudo o que caracteriza as séries de Sorkin, e mesmo que você pense “já vi isso antes”, porque a forma é a mesma, você não consegue desgrudar os olhos da tela. Primeiro, porque se você fizer isso, certamente perderá informações importantes, já que é tudo muito rápido. Segundo, porque o conteúdo é muito consistente. O restante do episódio se desenvolve de maneira primorosa e arrisco dizer, um dos melhores piloto que já vi.  

            Qualquer obra audiovisual é isso pra mim. Não é muito do que se fala, mas como se fala. É muito difícil ser original hoje em dia. Quase tudo já foi falado. Especialmente sobre política. Mas o modo como se aborda o assunto é que define se é algo de qualidade ou não. Particularmente, sou o tipo de espectadora que não liga para histórias sobre mundos fantásticos, efeitos especiais mirabolantes e coisas do tipo. Eu gosto do comum. De ver o comum, o dia a dia, sendo retratado com qualidade, com verdade, com emoção. É isso o que sempre me comoveu no cinema. Ele transforma o ordinário em arte. Ele faz com que uma cena de duas pessoas conversando dentro de uma cozinha enquanto picam tomates, se torne algo grandioso.

            E Aaron Sorkin sabe fazer isso como ninguém. Ele tem uma linguagem cinematográfica própria e utiliza isso na TV de forma muito inteligente, te levando para o ambiente dos personagens e te fazendo se sentir como um deles. Dessa vez, ele está apostando em um Dr. House do Jornalismo (nem tão ácido e nem tão casca dura, mas ainda assim, difícil), um tanto desesperançado, amargo, cínico e que perdeu o gosto e a direção na vida, mas que parece estar acordando pela influência daquela mulher da placas lá do teaser (que também está enfrentando um recomeço) e por todas as pessoas que ela está trazendo para vida dele. Um homem que estava adormecido realizando um trabalho no qual não acreditava mais e que aparece com as mãos tremendo ao se preparar para o programa que significará o seu recomeço. Diante de algo assim, quando o programa está para começar e aguardamos Will entrar no ar, você fica ansioso por ele, você torce pra que ele não engasgue ou trave ou sei lá o que mais. Você torce por ele e está junto com ele naquele momento. Uma série que consegue te levar a esse ponto merece ser vista, merece atenção e respeito. E ah...de quebra você já tem dois casais pra shippar, se você for desse tipo...rsrsrs.

            O piloto apresentou um material muito rico repleto de cenas memoráveis e extremamente atuais sobre o papel do jornalismo e tem tudo pra se desenvolver bem, pois está em boas mãos. Aliás, parabéns para o diretor do episódio, Greg Mottola, que também é co-produtor executivo da série e pra Thomas Newman, responsável pela música.

            Não dá pra saber se a série vai vingar, embora esteja  começando sua segunda temporada e alguns tenham dito que Sorkin escorregou em três episódios do final da primeira, pois teve que reescrevê-los. Quanto a mim, ele nunca me deu razões pra desconfiar de seu talento e já sinto nascer um novo vício. Obrigada, Sorkin. Mais uma vez.